
Nenhuma droga é passível de efeitos colaterais. Antiinflamatórios podem causar úlcera, antidepressivos aumentam o risco diabetes. Cabe ao médico, quando indicado, saber lidar com cada um desses efeitos e individualizar a melhor escolha para cada paciente. Da mesma maneira, contra-indicar o uso do medicamento na presença de fatores de risco que poderiam pré-dispor ao surgimento de efeitos colaterais. Recentemente a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou diretrizes no tratamento da obesidade e baseada em diversas publicações considerou que, quando bem indicada os benefícios das drogas anti-obesidade se sobrepõem aos riscos.
Uma das alegações da ANVISA seria de que os medicamentos anti-obesidade não estariam evitando a crescente epidemia de obesidade. De fato, talvez parar essa epidemia seja impossível, mas diminuí-la sem dúvida esses medicamentos contribuem e muito. No Brasil aproximadamente 50% da população adulta e 30% das crianças entre 5 e 9 anos estão sobrepeso.
Como estarão esses números nos próximos anos? Sem contar as comorbidades que quase sempre estão associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão arterial, aumento de colesterol, infartos, aumento da incidência de alguns tipos de tumores. Será que estaremos preparados para lidar com tantas complicações?
Sabemos que mudanças na alimentação e a prática de atividade física são fundamentais para qualquer tratamento de emagrecimento. Porém, algumas pessoas não respondem exclusivamente a mudanças comportamentais e o uso de medicamentos se faz necessário.
Considero um retrocesso no tratamento da obesidade a suspensão das drogas que se não curam, auxiliam no controle dessa doença de origem multifatorial. Espero que essa decisão seja feita baseada em evidências e não meramente em interesses de poucos e não profissionais tratadores da obesidade.
Dra Monica Palmanhani.
Leia a posição da SBEM no site www.sbem.org.br- Anorexígenos X ANVISA
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